Alzheimer e Proteína Tau- Parte 1
Para evitar que
esse novo item relacionado com a etiologia da Doença de Alzheimer se torne de
difícil compreensão ou até mesmo extenso, foi preferível sua divisão em duas
postagens. Esta 1ª trata de aspectos gerais e não menos importantes para o
entendimento das disfunções neurodegenerativas associadas com a proteína Tau no
nível celular. Na 2ª postagem, vamos elucidar uma provável relação entre a
Doença de Alzheimer e os emaranhados neurofibrilares de Proteína Tau. Então,
vamos lá...
1-
Para começar: Uma Introdução.
Microtúbulos correspondem a longos cilindros ocos formados pela
proteína tubulina. Apresentam um diâmetro externo de 24 nm e são mais rígidos
do que os filamentos de actina e do que os filamentos intermediários, estes
dois últimos, também filamentos do citoesqueleto de menor diâmetro.
Moléculas de tubulina são
constituídas por um heterodímero de Alfa tubulina (confere polaridade + a
extremidade livre dos microtúbulos) e de Beta tubulina (confere polaridade – a extremidade
fixa dos microtúbulos no centro organizador). Acima temos diagramas esquemáticos
de um microtúbulo mostrando como as moléculas de tubulina encontram-se
empacotadas em conjunto na parede do microtúbulo. À esquerda, as 13 moléculas
estão representadas em seção transversal. Nos neurônios, todos os microtúbulos
estão orientados em uma mesma direção (polaridade definida, tendo como ponto de
“ancoragem” das extremidades (-) dos microtúbulos o corpo celular.), com suas
extremidades livres (+) direcionadas para a ponta do axônio. Os microtúbulos
orientados funcionam como uma via de transporte direcionado de materiais
sintetizados no corpo celular, como as proteínas de membrana necessárias para o
crescimento do neurônio.
Nas células, os microtúbulos
correspondem a uma estrutura fundamental durante a divisão celular. Contudo, nos
neurônios pós-mitóticos, os microtúbulos são responsáveis pela manutenção da arquitetura
da célula e pelo transporte intraneural. No transporte axonal,
neurotransmissores e as proteínas do corpo celular são deslocados em direção às
sinapses distais por meio de vesículas associadas com proteínas motoras
(cinesinas e dineínas), que por sua vez, estão associadas a microtúbulos. Os microtúbulos conferem também
a polaridade neuronal. Assim, nos axônios, os microtúbulos encontram-se uniformemente
orientados, mas para tanto contam com o auxílio da proteína Tau. Já nos
dendritos, os microtúbulos apresentam orientações variadas e são estabilizados
por uma proteína de alto peso molecular com papel semelhante à da Tau. A
proteína Tau interage com as moléculas de Alfa e Beta-tubulina, conferindo estabilidade
aos seus polímeros.
É sabido que a fosforilação
anormal da Tau compromete a sua capacidade de ligação à Alfa e Beta-tubulinas, desestabilizando
a estrutura dos microtúbulos. Além disso, quando da hiperfosforilação da
proteína Tau, existe um comprometimento do transporte axonal e do metabolismo
das sinapses, conduzindo a disfunções que resultam em perda de viabilidade
celular, colapso do citoesqueleto microtubular e até a morte celular.
2-Das características
Bioquímicas gerais e aspectos Genéticos relativos à Proteína Tau.
A proteína Tau faz parte de
uma família de proteínas conhecidas por estarem associadas aos microtúbulos,
denominadas em conjunto como MAP (do
inglês: “microtubules-associated proteins”). Fundamentalmente, as MAPs são
responsáveis pela estabilização dos microtúbulos quando da agregação da
tubulina. O gene da proteína Tau se localiza no braço longo do cromossomo 17 e
possui 16 éxons. No cérebro humano, a Tau é solúvel, apresentando-se em seis
isoformas provenientes do splicing
alternativo de RNAm e encerra um peso molecular de aproximadamente 37 a 46 KDa em seus 352-441
resíduos de aminoácidos. O splicing alternativo
envolve os éxons 2, 3 e 10 e resulta em seis diferentes isoformas, contendo,
respectivamente, nenhuma, um ou dois insertos no segmento aminoterminal.
Ademais, o splicing alternativo do
éxon 10 produz isoformas 3R ou 4R de proteína Tau, dependendo, respectivamente,
da exclusão ou não da sequência de aminoácidos codificada pelo éxon 10. A razão
proporcional entre as isoformas 3R e 4R é normalmente de 1:1, entretanto
alterações nessa razão estão relacionadas com mecanismos de neurodegeneração.
Interessante de se notar é que no cérebro de fetos são encontradas apenas
isoformas pequenas da proteína Tau que não apresentam inserção 3R alguma em sua
estrutura primária. Enquanto no cérebro adulto existem todas as isoformas de
proteína Tau.
Acima, seis das diferentes
isoformas da proteína Tau produzidas a partir do splicing alternativo de um só RNAm. Os quadrados em azul, verde e
amarelo correspondem aos éxons 2, 3 e 10, respectivamente. Não sendo de nosso
interesse no momento, os anticorpos HT7, BT2 e AT 120 são usados como
anticorpos secundários (se acoplam com outros anticorpos) na detecção
imunocitoquímica da proteína Tau. Abaixo, consta a estrutura tridimensional da
proteína Tau.
http://bioalzheimer.blogspot.com.br/2011/11/proteina-tau-e-o-alzheimer.html
http://bioalzheimer.blogspot.com.br/2011/11/proteina-tau-e-o-alzheimer.html
Bibliografia
2-Fundamentos da Biologia Celular ,2º edição; Bruce Alberts,
Dennis Bray, Karen Hopkin, Alexander Jonhson, Julian Lewis, Martin Raff, Keith
Roberts, Peter Walter.
Autor: Pedro Lôbo de Aquino
Moura e Silva.
Oi!! para um trabalho de faculdade vou ter que fazer uma estrutura tridimensional de uma proteina e queria saber qual material voce usou para fazer essa estrutura !!
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