No post anterior eu havia explicado o mecanismo de
funcionamento de alguns antidepressivos usados em pacientes com Alzheimer.
Neste post, falarei a respeito de outros medicamentos contra a depressão,
começando pelos inibidores de monoaminaoxidase (IMAO). A monoaminaoxidase é uma
enzima que age metabolizando noradrenalina, dopamina, serotonina. Os IMAO, por
sua vez, atuam bloqueando a ação dessa enzima, o que acaba por impedir a
degradação desses neurotransmissores, aumentando a sua quantidade. Acredita-se
que esse tipo de medicamento obtenha bons resultados em pacientes com Doença de
Alzheimer, pois a enzima monoaminaoxidase foi encontrada com sua atividade
elevada em pacientes demenciados. Alguns efeitos adversos, como a hipotensão
ortostática (provoca tonturas e pode levar o paciente a cair), náuseas e
insônia podem ser provocados pelo uso do medicamento. É importante ressaltar
que o uso de inibidores de monoaminaoxidase acaba exigindo alguns cuidados alimentares
e deve sofrer uma supervisão em relação a outras medicações. Os IMAOS mais
comuns são a tranilcipromina e a fenelzina, já a moclobemida não apresenta essas
restrições alimentares que são necessárias quando há o uso das IMAOS clássicas.
Existem medicamentos antidepressivos novos que também estão
sendo usados para pacientes com Doença de Alzheimer. Um desses novos
medicamentos é a trazodona que deriva da triazolopiridina e que se destaca por
seu baixo efeito anticolinérgico (os anticolinérgicos inibem a produção de
acetilcolina o que prejudica a memória e o aprendizado), tornando-o uma
alternativa aos antidepressivos tricíclicos, que apresentam como efeito
colateral essa ação anticolinérgica. A trazodona é indicada em casos de
depressão, especialmente quando há ansiedade e distúrbios do sono. Sua ação é
serotonérgica e mostra também uma atuação como antagonista do receptor
pós-sináptico de serotonina 5HT2A. Entre os efeitos colaterais estão alterações
cardíacas, hepatite e priapismo, que é uma ereção clitoriana ou peniana que
pode causar dor.
A nefazodona e a mirtazapina são outras medicações usadas no
tratamento da depressão em pacientes idosos, porém não existem informações
disponíveis em relação ao uso delas em pessoas demenciadas. A nefazodona atua
tanto na pré-sinapse quanto na pós- sinapse serotoninérgica. Na atuação
pré-sináptica age de forma a inibir a recaptação do neurotransmissor serotonina,
já na atuação pós-sináptica está relacionada a um bloqueio dos receptores 5HT2.
Alguns efeitos colaterais da nefazodona são sonolência, náuseas e constipação. A
mirtazapina é um medicamento que bloqueia os tipos 2 e 3 de receptores de
serotonina pós-sinápticos. Entre as reações adversas da mirtazapina estão a
sonolência e aumento no apetite, o que torna possível sua utilização em
pacientes com anorexia. As duas medicações apresentam efeito sedativo e agem de
forma favorável em relação a distúrbios do sono e à ansiedade. Uma outra opção
é o bupropion, que atua inibindo a recaptação dos neurotransmissores
noradrenalina e dopamina. Esse medicamento não possui ação anticolinérgica nem
sedativa e sua eliminação ocorre por via dos rins. Alguns dos efeitos
colaterais são insônia, perda de peso e agitação. É contra-indicado para
pacientes que tenham risco de convulsões. O bupropion apresenta ainda uma inibição
do anseio pela nicotina. Os efeitos
sobre o sistema dopaminérgico podem causar ou aumentar sintomas psicóticos.
Escrito por: Lorena Castelo Rodrigues
Fontes de pesquisa:
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