Bioquímica do Alzheimer

“Como é terrível o dom do conhecimento, quando não serve a quem o tem!”

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Outros medicamentos antidepressivos usados no tratamento de depressão para pacientes com Alzheimer


          No post anterior eu havia explicado o mecanismo de funcionamento de alguns antidepressivos usados em pacientes com Alzheimer. Neste post, falarei a respeito de outros medicamentos contra a depressão, começando pelos inibidores de monoaminaoxidase (IMAO). A monoaminaoxidase é uma enzima que age metabolizando noradrenalina, dopamina, serotonina. Os IMAO, por sua vez, atuam bloqueando a ação dessa enzima, o que acaba por impedir a degradação desses neurotransmissores, aumentando a sua quantidade. Acredita-se que esse tipo de medicamento obtenha bons resultados em pacientes com Doença de Alzheimer, pois a enzima monoaminaoxidase foi encontrada com sua atividade elevada em pacientes demenciados. Alguns efeitos adversos, como a hipotensão ortostática (provoca tonturas e pode levar o paciente a cair), náuseas e insônia podem ser provocados pelo uso do medicamento. É importante ressaltar que o uso de inibidores de monoaminaoxidase acaba exigindo alguns cuidados alimentares e deve sofrer uma supervisão em relação a outras medicações. Os IMAOS mais comuns são a tranilcipromina e a fenelzina, já a moclobemida não apresenta essas restrições alimentares que são necessárias quando há o uso das IMAOS clássicas.

          Existem medicamentos antidepressivos novos que também estão sendo usados para pacientes com Doença de Alzheimer. Um desses novos medicamentos é a trazodona que deriva da triazolopiridina e que se destaca por seu baixo efeito anticolinérgico (os anticolinérgicos inibem a produção de acetilcolina o que prejudica a memória e o aprendizado), tornando-o uma alternativa aos antidepressivos tricíclicos, que apresentam como efeito colateral essa ação anticolinérgica. A trazodona é indicada em casos de depressão, especialmente quando há ansiedade e distúrbios do sono. Sua ação é serotonérgica e mostra também uma atuação como antagonista do receptor pós-sináptico de serotonina 5HT2A. Entre os efeitos colaterais estão alterações cardíacas, hepatite e priapismo, que é uma ereção clitoriana ou peniana que pode causar dor.

          A nefazodona e a mirtazapina são outras medicações usadas no tratamento da depressão em pacientes idosos, porém não existem informações disponíveis em relação ao uso delas em pessoas demenciadas. A nefazodona atua tanto na pré-sinapse quanto na pós- sinapse serotoninérgica. Na atuação pré-sináptica age de forma a inibir a recaptação do neurotransmissor serotonina, já na atuação pós-sináptica está relacionada a um bloqueio dos receptores 5HT2. Alguns efeitos colaterais da nefazodona são sonolência, náuseas e constipação. A mirtazapina é um medicamento que bloqueia os tipos 2 e 3 de receptores de serotonina pós-sinápticos. Entre as reações adversas da mirtazapina estão a sonolência e aumento no apetite, o que torna possível sua utilização em pacientes com anorexia. As duas medicações apresentam efeito sedativo e agem de forma favorável em relação a distúrbios do sono e à ansiedade. Uma outra opção é o bupropion, que atua inibindo a recaptação dos neurotransmissores noradrenalina e dopamina. Esse medicamento não possui ação anticolinérgica nem sedativa e sua eliminação ocorre por via dos rins. Alguns dos efeitos colaterais são insônia, perda de peso e agitação. É contra-indicado para pacientes que tenham risco de convulsões. O bupropion apresenta ainda uma inibição do anseio pela nicotina. Os efeitos sobre o sistema dopaminérgico podem causar ou aumentar sintomas psicóticos.

Escrito por: Lorena Castelo Rodrigues

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