A sinalização de insulina defeituosa no cérebro foi descoberta como um dos fatores que contribuem para o déficit cognitivo dos pacientes da Doença de Alzheimer, e a partir de estudos feitos nessa área descobriu-se uma ligação da DA com diabetes que pode abrir portas para novos tratamentos do Alzheimer. O IRS-1pSer, receptor de insulina citado no post "Insulina como forma inovadora de tratamento da doença de Alzheimer" com serina fosforilada, é um composto presente em ambas as doenças em grandes quantidades, assim como o composto JNK-ativo (composto atuante na neurodegeneração). Os ADDLs, também explicados no último post, são responsáveis pela fosforilação do IR em resíduos de serina e da ativação do composto JNK, contribuindo para o não pareamento axonal e para a sinalização defeituosa da insulina no sistema nervoso central. Os problemas sinápticos causados pela injeção de ADDLs em ratos foram prevenidos pela exposição dos animais à exenatide, substância utilizada no tratamento da diabetes tipo II, que diminuiu as concentrações de IRS-1pSer e JNK-ativo no cérebro.
IRS-1pSer em neurônios do hipocampo de paciente de Alzheimer de 68 anos (B) comparado com IRS-1pSer em paciente saudável de 73 anos (A) |
IRS-1pSer em neurônio do hipocampo normal (D) comparado ao IRS-1pSer em neurônio do hipocampo exposto a ADDLs |
Concentrações de JNK em neurônios de hipocampo normal (A) comparado com as concentrações de JNK nos neurônios do hipocampo de pacientes de Alzheimer |
A resistência à insulina em tecidos periféricos é característica marcante da diabete tipo II e evidências mostram que o mesmo ocorre no cérebro do paciente de Alzheimer, contribuindo com os sintomas da demência, já que a sinalização correta da insulina no sistema nervoso central é importantíssima para o aprendizado e a memória. A nova droga exenatide atua ativando vias análogas às da sinalização da insulina através da estimulação de receptores glucagon-like peptide 1 (GLP1), revertendo assim a resistência à insulina no hipocampo. O GLP-1 aumenta a sensibilidade das células à insulina e também sua produção, e diminui a concentração de glucagon na corrente sanguínea. A exenatide não consegue bloquear a ligação dos ADDLs aos neurônios, mas consegue interromper sua ação de fosforilar o IR, através da ativação do GLP1. Como a ação da droga não declinaria ao passar do tempo, o que ocorre normalmente com a sinalização da insulina, a exenatide talvez seja melhor que um excesso de insulina para a diminuição dos impactos causados pelos ADDLs nos neurônios.
Neurônio do hipocampo com pouco IRS-1pSer causado pela supressão do JNK-ativo |
Ratos tratados por 3 semanas com exenatide obtiveram menores taxas de IRS-1pSer e JNK-ativo no cérebro e apresentaram melhor desempenho no labirinto aquático de Morris (explicado no post "Amenização dos sintomas da DA com exercícios cognitivos"), assim como maior retenção de memória. O fármaco utilizado no tratamento da diabete tipo II parece ser promissor também no tratamento da "diabete" que ocorre no cérebro devido a resistência à insulina dos neurônios desse órgão durante a Doença de Alzheimer.
Escrito por: Patrícia Monteiro
Fontes bibliográficas:
http://www.jci.org/articles/view/57256
http://en.wikipedia.org/wiki/C-Jun_N-terminal_kinases
http://en.wikipedia.org/wiki/Glucagon-like_peptide-1
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