Os estrogênios são esteroides sexuais que apresentam uma
atuação reparadora sobre neurônios que apresentam lesão, o estradiol, por
exemplo, pode aumentar a sobrevida de células nervosas quando adicionado in vitro ao meio de cultura delas. Diversos
estudos indicam que os estrogênios atuam de forma a ativar ou inibir enzimas
que agem sobre a síntese de neurotransmissores (por exemplo serotonina e
acetilcolina). Pesquisas que utilizam animais ooforectomizados (sem um ovário
ou sem os dois ovários) têm reconhecido que o estrogênio induz mudanças no
metabolismo da serotonina em áreas do cérebro que envolvem a cognição.
No Alzheimer, os neurônios colinérgicos são afetados e
sofrem alterações degenerativas, sendo que esses neurônios são necessários para
o aprendizado e a memória. Nessas áreas do sistema nervoso central há a
diminuição da atividade da enzima acetilcolinatransferase (ChAT), que atua
juntamente com a acetil-coenzimaA na síntese de acetilcolina (que é degradada
pela acetilcolinesterase). Experimentos têm mostrado que os estrogênios ativam
a acetilcolinatransferase (por um mecanismo ainda não identificado),
propiciando a síntese de acetilcolina e impossibilitando a atuação da
acetilcolinesterase. É importante perceber que o aumento da atuação da ChAT é
diferente de acordo com o sexo, ele foi observado mais em ratas
ooforectomizadas.
O estradiol se relaciona com esses neurotransmissores ainda
por meio da interferência nos receptores, por meio de catecolestrogênios.
Estudos com imunocitoquímica indicaram que a atuação dos receptores de estrogênio
Alfa e Beta no hipotálamo pode estar diferente no Alzheimer.
Por outro lado, as progesteronas atuam no sistema nervoso central de uma forma contrária aos efeitos do estrogênio. Elas agem aumentado a atividade da enzima monoaminaoxidase (MAO), que atua metabolizando alguns neurotransmissores, entre eles a serotonina, causando dessa forma um efeito depressivo (para mais informações vide o post “Outros medicamentos antidepressivos usados no tratamento de depressão para pacientes com Alzheimer”). Em estudos com animais, encontrou-se receptores para progesterona em áreas relacionadas ao aprendizado, emoções, regulação endócrina, em que a progesterona atua de forma depressora dessas funções.
Há indícios de que os esteróides sexuais induzem alterações na cognição, sendo que isso varia entre os sexos feminino e masculino. Estudos demonstram que os esteroides sexuais estão
relacionados a regiões do cérebro afetadas no mal de Alzheimer, por meio da
interferência em processos de envelhecimento e desenvolvimento. Tem sido
indicado que a terapia estrogênica ou estro-progestativa pode resguardar contra a piora dos processos
cognitivos, além disso os hormônios relacionados a essas terapias aumentam o
fluxo sanguíneo em áreas do cérebro que estão ligadas à memória.
Embora tenham sido realizados diversos estudos, existem
ainda controvérsias em relação aos efeitos dos esteroides sexuais sobre os
neurotransmissores e neurônios. É importante ressaltar, então, que ainda não
está bem determinada a atuação deles no tratamento clínico de doenças
neuropsiquiátricas.
Escrito por: Lorena Castelo Rodrigues
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