Estudos mostram que pessoas que tiveram melhor educação ou que exercem atividades com maior demanda cognitiva possuem menos riscos de desenvolver algum tipo de demência no futuro. O artigo da PhD Joanna L. Jankowsky da Faculdade de Medicina Baylor, em Houston, tinha o objetivo de testar em camundongos esse efeito para a diminuição dos problemas comportamentais causados pela doença de Alzheimer (DA), enriquecendo o ambiente com situações que seriam encontradas no habitat natural do animal e obrigando-o a reagir em prol de sua sobrevivência, estimulando a atividade cerebral . A pesquisa mostrou que o déficit de memória e aprendizado podem ser amenizados por esse enriquecimento, resultados obtidos utilizando-se camundongos com DA transgênica.
No experimento utilizou-se fêmeas de camundongos com superexpressão da proteína precursora de amilóide, ,já explicada em posts anteriores, fêmeas com superexpressão de presenilina-1 (proteína da qual gene de expressão é responsável por 40% dos casos de AD familiar e casos precoces) e fêmeas controles não transgênicas. Os camundongos foram colocados em gaiolas enriquecidas ou padrão com apenas 2 meses de idade e após 6 meses de encarceramento diferencial foram testadas suas habilidades cognitivas para se aferir a interferência do ambiente cognitivamente enriquecido nos sintomas comportamentais mais iniciais da doença.
O enriquecimento do ambiente melhorou significativamente o desempenho cognitivo de todos os tipos de camundongos, transgênicos e não transgênicos, no labirinto radial e nas versões clássicas e repetidas alteradas do labirinto aquático de Morris. Porém o desempenho dos camundongos não ocorreu de forma igualitária dentre os diferentes genótipos.
O labirinto aquático de Morris consiste em uma piscina circular com água turva em que os ratos são colocados para nadar em direção de uma plataforma de escape que é invisível abaixo da superfície da água. O labirinto radial possui oito braços partindo de um ponto em comum onde são colocadas iscas dependendo da pesquisa feita, e a partir de um tempo os ratos passam a procurar somente aqueles braços do labirinto onde costumavam encontrar alimento. Ambos os labirintos testam a capacidade dos ratos de se posicionarem de acordo com as características da sala ao seu redor e quando as atividades são repetidas mudando os labirintos de posição o desempenho do animal é prejudicado.
Labirinto aquático de Morris
Labirinto radial
Os camundongos com superexpressão de beta-amilóide, especialmente os que já possuíam o acúmulo de placas de proteínas entre os neurônios, demonstraram ter uma memória mais fraca da localização da plataforma no labirinto aquático clássico de Morris e aprenderam novas localizações de plataformas nas atividades alteradas repetidas no labirinto aquático com menor rapidez que os camundongos não transgênicos.
Apesar do menor desempenho, se comparado com os outros ratos, o enriquecimento do ambiente para os ratos com superexpressão de beta-amilóide levou seu desempenho cognitivo para o mesmo nível dos ratos não transgênicos que passaram os 6 meses em gaiolas padrão, sem enriquecimento.
O que chamou a atenção dos pesquisadores foi que o desenvolvimento cognitivo dos ratos ocorreu apesar do aumento de placas acumuladas de beta-amilóide no cérebro dos transgênicos, o que mostra que apesar do acúmulo de placas ser de certa forma irreversível, seus sintomas podem ser fortemente influenciados por um ambiente enriquecido em tarefas cognitivas para o cérebro, diminuindo os sintomas comportamentais que se iniciam nos estágios mais iniciais da DA e se agravam com o tempo, levando o paciente a não ser mais capaz de realizar atividades básicas do dia-a-dia.
Escrito por: Patrícia Monteiro
Fonte de pesquisa:
http://pubget.com/paper/15917461
http://www.hermespardini.com.br/atual_manual/pdf_genetica_novos_exames/Presenilina_1_e_2_-_Estudo_molecular_dos_genes_da_%28Doenca_de_Alzheimer%29.pdf
http://fotolog.terra.com.br/neuroscience:40
http://fotolog.terra.com.br/neuroscience:39
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