Bioquímica do Alzheimer

“Como é terrível o dom do conhecimento, quando não serve a quem o tem!”

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Amenização dos sintomas da DA com exercícios cognitivos

  Estudos mostram que pessoas que tiveram melhor educação ou que exercem atividades com maior demanda cognitiva possuem menos riscos de desenvolver algum tipo de demência no futuro. O artigo da PhD Joanna L. Jankowsky da Faculdade de Medicina Baylor, em Houston, tinha o objetivo de testar em camundongos esse efeito para a diminuição dos problemas comportamentais causados pela doença de Alzheimer (DA), enriquecendo o ambiente com situações que seriam encontradas no habitat natural do animal e obrigando-o a reagir em prol de sua sobrevivência, estimulando a atividade cerebral . A pesquisa mostrou que o déficit de memória e aprendizado podem ser amenizados por esse enriquecimento, resultados obtidos utilizando-se camundongos com DA transgênica.


  No experimento utilizou-se fêmeas de camundongos com superexpressão da proteína precursora de amilóide, ,já explicada em posts anteriores, fêmeas com superexpressão de presenilina-1 (proteína da qual gene de expressão é responsável por 40% dos casos de AD familiar e casos precoces) e fêmeas controles não transgênicas. Os camundongos foram colocados em gaiolas enriquecidas ou padrão com apenas 2 meses de idade e após 6 meses de encarceramento diferencial foram testadas suas habilidades cognitivas para se aferir a interferência do ambiente cognitivamente enriquecido nos sintomas comportamentais mais iniciais da doença.


 O enriquecimento do ambiente melhorou significativamente o desempenho cognitivo de todos os tipos de camundongos, transgênicos e não transgênicos, no labirinto radial e nas versões clássicas e repetidas alteradas do labirinto aquático de Morris. Porém o desempenho dos camundongos não ocorreu de forma igualitária dentre os diferentes genótipos.


   O labirinto aquático de Morris consiste em uma piscina circular com água turva em que os ratos são colocados para nadar em direção de uma plataforma de escape que é invisível abaixo da superfície da água. O labirinto radial possui oito braços partindo de um ponto em comum onde são colocadas iscas dependendo da pesquisa feita, e a partir de um tempo os ratos passam a procurar somente aqueles braços do labirinto onde costumavam encontrar alimento. Ambos os labirintos testam a capacidade dos ratos de se posicionarem de acordo com as características da sala ao seu redor e quando as atividades são repetidas mudando os labirintos de posição o desempenho do animal é prejudicado.


                                                      Labirinto aquático de Morris


                                                                 Labirinto radial




  Os camundongos com superexpressão de beta-amilóide, especialmente os que já possuíam o acúmulo de placas de proteínas entre os neurônios, demonstraram ter uma memória mais fraca da localização da plataforma no labirinto aquático clássico de Morris e aprenderam novas localizações de plataformas nas atividades alteradas repetidas no labirinto aquático com menor rapidez que os camundongos não transgênicos.


  Apesar do menor desempenho, se comparado com os outros ratos, o enriquecimento do ambiente para os ratos com superexpressão de beta-amilóide levou seu desempenho cognitivo para o mesmo nível dos ratos não transgênicos que passaram os 6 meses em gaiolas padrão, sem enriquecimento.


  O que chamou a atenção dos pesquisadores foi que o desenvolvimento cognitivo dos ratos ocorreu apesar do aumento de placas acumuladas de beta-amilóide no cérebro dos transgênicos, o que mostra que apesar do acúmulo de placas ser de certa forma irreversível, seus sintomas podem ser fortemente influenciados por um ambiente enriquecido em tarefas cognitivas para o cérebro, diminuindo os sintomas comportamentais que se iniciam nos estágios mais iniciais da DA e se agravam com o tempo, levando o paciente a não ser mais capaz de realizar atividades básicas do dia-a-dia.


Escrito por: Patrícia Monteiro


Fonte de pesquisa:

http://pubget.com/paper/15917461
http://www.hermespardini.com.br/atual_manual/pdf_genetica_novos_exames/Presenilina_1_e_2_-_Estudo_molecular_dos_genes_da_%28Doenca_de_Alzheimer%29.pdf
http://fotolog.terra.com.br/neuroscience:40
http://fotolog.terra.com.br/neuroscience:39

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