As inflamações cerebrovasculares são os primeiros sintomas da Doença de Alzheimer (AD), sendo ainda um tópico muito estudado pelos pesquisadores da área. Estas respostas inflamatórias, associadas com microglia ativa e astrócitos reativos, aumentam a neurodegeneração pela liberação de citocinas inflamatórias (moléculas responsáveis pelos sinais entre as células em uma resposta imune), espécies oxigenadas reativas e outros fatores. A microglia é o conjunto de células de defesa do Sistema Nervoso Central, funcionando como macrófagos identificando antígenos e realizando a sua fagocitose; os astrócitos são as células cerebrais de sustentação, nutrem os neurônios, preenchem espaços entre eles e regulam a dosagem de neurotransmissores liberados nas sinapses.
As inflamações cerebrovasculares contribuem para neurodegeneração nos estágios mais avançados da doença e são identificadas em grande número no final da DA, sendo causadas nesse estágio pelas placas amilóides, mas também atuam no início da patologia: foi descoberta inflamação cerebrovascular antes da deposição das placas. O MECA-32, um antígeno específico de células endoteliais que dá a elas aderência a linfócitos, foi encontrado em ratos com a doença de Alzheimer induzida.
O MECA-32 é normalmente encontrado na vasculatura central e periférica durante o desenvolvimento, mas sua expressão na vasculatura cerebral é interrompida no estabelecimento da barreira hematoencefálica (barreira endotelial nos vasos sanguíneos cerebrais que evitam a passagem de substâncias químicas do sangue para o encéfalo) que é comprometida em uma inflamação cerebrovascular, o que pode iniciar a expressão do MECA-32 no cérebro. As consequências dessas inflamações iniciais ainda não estão bem esclarecidas, porém os mecanismos que a desenvolvem estão sendo aos poucos desvendados. Pesquisadores da Universidade de Sevilha, na Espanha e do Instituto Karolinska de Estocolmo, na Suécia, descobriram como surge a inflamação cerebrovascular e sua ligação com as enzimas caspases.
As caspases são enzimas relacionadas à apoptose celular, importante processo para a renovação celular e morte de células defeituosas no organismo que poderiam levar à alguma patologia. No cérebro estas enzimas coordenam a resposta imunológica quando há alguma desordem neurológica, mas sua ativação excessiva pode liberar moléculas tóxicas para os neurônios que acabam levando-os à morte celular não programada. Nos cérebros estudados pelos cientistas após a morte do indivíduo com Alzheimer há a identificação de ativação excessiva de caspase 3 e caspase 8 na microglia, responsável pelas respostas imunológicas. A caspase 3, do tipo iniciadora, funciona ativando as caspases efetoras, como a caspase 8, que inicia de fato o processo apoptótico através de uma cascata de eventos.
O funcionamento cerebrovascular é muito sensível a neuroinflamações e por isso é gravemente atingido por elas e marcando o início da DA. Hipoperfusão (fluxo sanguíneo diminuido em um órgão) ocorre devido à inflamação reduzindo o suprimento de energia para os neurônios, contribuindo para a sua morte. Além da queda de função e morte dos neurônios a inflamação também causa sucetibilidade à epilepsia, característica observada na doença de Alzheimer.
Escrito por: Patrícia Monteiro
Fonte de Pesquisa:
http://www.corposaun.com/cientistas-mata-neuronios/14098/
Artigo "Early cerebrovascular inflammation in a transgenic mouse model of Alzheimer's disease" escrito por Dongzi Yu, Brian Corbett, Yaping Yan, Guang-Xian Zhang, Peter Reinhart, Seongeun J. Cho, Jeannie Chin
http://www.virtual.unifesp.br/unifesp/bio40/apoptose/index-3.html
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