Bioquímica do Alzheimer

“Como é terrível o dom do conhecimento, quando não serve a quem o tem!”

domingo, 20 de maio de 2012

Apatia: Sintoma Neuropsiquiátrico Comum em Alzheimer

   A apatia é o sintoma neuropsiquiátrico mais comum da doença de Alzheimer (DA) afetando de 30 a 60% dos pacientes que apresentam sintomas comportamentais e psicológicos e é caracterizada pela falta de motivação, retração social e perdas nas habilidades cognitivas. Os doentes que apresentam este sintoma têm previsão de menor sobrevida do que os que não o possuem, e a apatia também piora a capacidade da pessoa de realizar tarefas comuns e diárias com objetivo definido.





    A apatia está relacionada com lesões no lobo frontal, parte do cérebro responsável por ações motoras e não-motoras. Entre as ações não motoras está a determinação de aspectos comportamentais do indivíduo que está localizada em áreas denominadas córtex frontal medial, de onde saem fibras nervosas (prolongações dos neurônios como axônios ou dendritos) para o corpo estriado, núcleos de corpos neuronais que se encontram na base do cérebro ao lado do tálamo. O glutamato é o neurotransmissor responsável pelo transporte de sinais do córtex para o estriado, através de fibras chamadas fibras córtico-estriadas que juntas formam os circuitos fronto-estriatais.


   Estudos utilizando emissão de fóton único perceberam uma diminuição de atividade cerebral no giro do cíngulo (região medial do cérebro), na sua parte anterior, região de origem dos circuitos fronto-estriatais, o que confirma a relação da apatia da DA com o córtex frontal do lobo frontal. Outro estudo, neuropatológico, econtrou condensação de emaranhados neurofibrilares na região anterior do giro do cíngulo, o que levava à uma maior gravidade da apatia nos pacientes. Além disso estudos utilizando emissão de pósitrons identificaram uma redução no metabolismo de glicose no córtex frontal medial esquerdo de pacientes apáticos. Identificando outras áreas cerebrais relacionadas com os circuitos fronto-estriatais, chegou-se à conclusão de que esses conjuntos neurofibrilares teriam o papel central na apatia da doença de Alzheimer.


                                                            Região do giro do cíngulo

    A apatia se relaciona com a manutenção das atividades diárias pois estas necessitam de um bom funcionamento tanto das áreas pré-frontais quanto das suas conexões com os circuitos fronto-estriatais, e foi identificado em pacientes com DA e apatia um pior desempenho em atividades com objetivos definido do que em pacientes com DA mas não-apáticos. Este sintoma comumente superposto com a depressão se manifesta também por relação com a queda de dopamina e glutamato no cérebro, neurotransmissores importantes para os circuitos fronto-estriatais e sendo a queda da dopamina também importante no quadro dos pacientes depressivos, o que justifica a associação dessas duas disfunções.


Escrito por: Patrícia Monteiro


Fontes de pesquisa:


http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462006000300017&lang=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X2008000300035&lang=pt
http://www.sistemanervoso.com/pagina.php?secao=1&materia_id=382&materiaver=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fibra_nervosa

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