Bioquímica do Alzheimer

“Como é terrível o dom do conhecimento, quando não serve a quem o tem!”

terça-feira, 8 de maio de 2012

Inflamação cerebrovascular: sintoma inicial em estudo da Doença de Alzheimer

 As inflamações cerebrovasculares são os primeiros sintomas da Doença de Alzheimer (AD), sendo ainda um tópico muito estudado pelos pesquisadores da área. Estas respostas inflamatórias, associadas com microglia ativa e astrócitos reativos, aumentam a neurodegeneração pela liberação de citocinas inflamatórias (moléculas responsáveis pelos sinais entre as células em uma resposta imune), espécies oxigenadas reativas e outros fatores. A microglia é o conjunto de células de defesa do Sistema Nervoso Central, funcionando como macrófagos identificando antígenos e realizando a sua fagocitose; os astrócitos são as células cerebrais de sustentação, nutrem os neurônios, preenchem espaços entre eles e regulam a dosagem de neurotransmissores liberados nas sinapses.

 As inflamações cerebrovasculares contribuem para neurodegeneração nos estágios mais avançados da doença e são identificadas em grande número no final da DA, sendo causadas nesse estágio pelas placas amilóides, mas também atuam no início da patologia: foi descoberta inflamação cerebrovascular antes da deposição das placas. O MECA-32, um antígeno específico de células endoteliais que dá a elas aderência a linfócitos, foi encontrado em ratos com a doença de Alzheimer induzida. 


 O MECA-32 é normalmente encontrado na vasculatura central e periférica durante o desenvolvimento, mas sua expressão na vasculatura cerebral é interrompida no estabelecimento da barreira hematoencefálica (barreira endotelial nos vasos sanguíneos cerebrais que evitam a passagem de substâncias químicas do sangue para o encéfalo) que é comprometida em uma inflamação cerebrovascular, o que pode iniciar a expressão do MECA-32 no cérebro. As consequências dessas inflamações iniciais ainda não estão bem esclarecidas, porém os mecanismos que a desenvolvem estão sendo aos poucos desvendados. Pesquisadores da Universidade de Sevilha, na Espanha e do Instituto Karolinska de Estocolmo, na Suécia, descobriram como surge a inflamação cerebrovascular e sua ligação com as enzimas caspases.



 As caspases são enzimas relacionadas à apoptose celular, importante processo para a renovação celular e morte de células defeituosas no organismo que poderiam levar à alguma patologia. No cérebro estas enzimas coordenam a resposta imunológica quando há alguma desordem neurológica, mas sua ativação excessiva pode liberar moléculas tóxicas para os neurônios que acabam levando-os à morte celular não programada. Nos cérebros estudados pelos cientistas após a morte do indivíduo com Alzheimer há a identificação de ativação excessiva de caspase 3 e caspase 8 na microglia, responsável pelas respostas imunológicas. A caspase 3, do tipo iniciadora, funciona ativando as caspases efetoras, como a caspase 8, que inicia de fato o processo apoptótico através de uma cascata de eventos.





 O funcionamento cerebrovascular é muito sensível a neuroinflamações e por isso é gravemente atingido por elas e marcando o início da DA. Hipoperfusão (fluxo sanguíneo diminuido em um órgão) ocorre devido à inflamação reduzindo o suprimento de energia para os neurônios, contribuindo para a sua morte. Além da queda de função e morte dos neurônios a inflamação também causa sucetibilidade à epilepsia, característica observada na doença de Alzheimer.

Escrito por: Patrícia Monteiro


 Fonte de Pesquisa:

http://www.corposaun.com/cientistas-mata-neuronios/14098/
Artigo "Early cerebrovascular inflammation in a transgenic mouse model of Alzheimer's disease" escrito por Dongzi Yu, Brian Corbett, Yaping Yan, Guang-Xian Zhang, Peter Reinhart, Seongeun J. Cho, Jeannie Chin
http://www.virtual.unifesp.br/unifesp/bio40/apoptose/index-3.html

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